Meu sonho era parecer mais velha. Ser neurótica, chata e anti-social não tem me ajudado. Não, eu não to de olho na aposentadoria enorme que dão aqui no Brasil, nem furar fila na frente do galerê, não é isso. É que eu ando precisando ser levada em consideração, a sério. Essa cara de criança começou a estar incompatível com o que me tornei, com todos os meus wishes. Exijo uma plástica, me insere umas rugas, uns pés de galinha que é pra ver se o mundo pára pra me ouvir.
São 20 anos, sim, grande coisa, mas não são quaisquer vinte anos, hellou, eu estava aqui vivendo eles todos. Aprendendo todo dia, quebrando essa cara de bumbum de nenem. Chega de discriminação com a minha embalagem. Sério, já chega. O próximo que me avaliar torto depois que ouvir a palavra vinte, vai ganhar um desaforo bem grande, bem bonito. Eu vou começar a brigar pelo que eu sei, pelo que já vivi e deixar de sorrir amarelo quando dizem que eu ainda sou novinha. Porque tem tanta gente com experiência fazendo besteira por aí.
É claro que eu tenho que contribuir, retirar bicos, arrumar a postura, por uns saltos, vigiar o tom de voz. Afinal, o que é mesmo ser um jovem adulto? Você tem responsabilidades pra dedéu, mas todo mundo espera que você faça uma merda bem grande algo errado no final. Não me atravessa, e eu não vou mais tentar deixar me atravessar. Já deu. Cresci.
Au revoir pré-julgamentos, pré-julgadores, vão a m.